O câncer de canal anal é uma doença na qual células malignas (do câncer) se formam nos tecidos da região do ânus. O ânus é o final do intestino grosso, logo após o reto, através do qual as fezes saem do corpo. O ânus é formado parcialmente pelas células da pele e do intestino, como uma transição entre o interno e externo. Dois músculos em forma de anel, chamados músculos do esfíncter, abrem e fecham o orifício anal e deixam as fezes passarem para fora.
A pele ao redor do ânus é chamada de região perianal. Os tumores dessa região, que não envolvem os músculos do esfíncter anal geralmente são tratados da mesma forma que os cânceres anais, embora a terapia local (tratamento direcionado a uma área limitada da pele) possa ser usada para alguns casos.
A maioria dos tumores do ânus está relacionada à infecção pelo papiloma vírus humano (HPV), e a vacina contra HPV na ainda na infância, reduz drasticamente a incidência dessa doença!
O Sinais e Sintomas desse tumor são sangramento do ânus ou reto ou um nódulo perto do ânus. Muitas vezes esses sintomas vêm associados a sensação de dor ou pressão na área ao redor do ânus, comichão ou secreção, ou alguma mudança nos hábitos intestinais.
Tabela 1: Fatores de risco para câncer de ânus e canal anal:
Estar infectado com o papilomavírus humano (HPV). |
Ter uma condição ou doença que prejudica o funcionamento do sistema imunológico, como HIV ou um transplante de órgão. |
Ter um histórico pessoal de câncer de vulva, vagina ou colo de útero. |
Ter muitos parceiros sexuais. |
Ter relações sexuais anal receptivas (sexo anal). |
Tabagismo (fumar). |
O Diagnóstico do tumor de ânus é feito pelo exame físico, onde o médico faz um toque para avaliar a presença de algum nódulo ou úlcera local. Depois disso feito, podem ser utilizados outros métodos complementares como a 1) Anuscopia ou Proctoscopia. Estes exames são feitos com o objetivo de visualizar o interior do reto e do ânus. Também pode ter uma ferramenta acoplada para retirar amostras de tecido, que são verificadas ao microscópio (biópsia). Outro exame é o 2) Ultrassom endo-anal ou endorretal. Este procedimento utiliza um transdutor de ultrassom (sonda) que é inserido no ânus ou no reto e usado para remitir e captar ondas sonoras de alta energia (ultrassom) dos tecidos ou órgãos internos. Esse exame é capaz de avaliar o grau de invasão do tumor na parede do reto e sua relação com os músculos do esfíncter.
Antes de conversarmos sobre o tratamento, é preciso entender que existem certos fatores que influenciam na chance de recuperação (prognóstico) e também nas opções de tratamento. Os Fatores prognósticos são 1) tamanho do tumor e 2) se o tumor se espalhou para os gânglios linfáticos. Já o Tratamento depende de: 1) O estágio que se encontra o câncer; 2) Onde exatamente o tumor está no ânus; 3) Se o paciente tem HIV e 4) Se o câncer persiste após o tratamento inicial ou se ocorreu novamente.
Após o diagnóstico de qualquer tumor, o estadiamento é fundamental. Nesse momento são feitos testes para descobrir se as células cancerígenas se espalharam dentro do ânus ou para outras partes do corpo. Exames como Ressonância Magnética e Tomografia Computadorizada são utilizados com esse objetivo, e as informações coletadas desse processo de estadiamento determinam o estágio da doença. É importante conhecer o estágio para planejar o tratamento.
Tabela 2: Estágios do Câncer de Canal Anal
Estágio 0 | Não há invasão das células cancerígenas no ânus. O estágio 0 também é chamado de lesão intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL). |
Estágio I | O tumor tem até 2 cm |
Estágio II | |
IIA | O tumor tem entre 2-5 cm de tamanho |
IIB | O tumor é maior que 5 cm de tamanho |
Estágio III | |
IIIA | O tumor tem até 5 cm e se espalhou para os linfonodos próximos ao ânus ou na virilha |
IIIB | O tumor é de qualquer tamanho e se espalhou para órgãos próximos, como vagina, uretra ou bexiga, mas não para os linfonodos |
IIIC | O tumor é de qualquer tamanho e pode ter se espalhado para órgãos próximos, e já se espalhou para os gânglios linfáticos perto do ânus ou da virilha |
Estágio IV | O tumor é de qualquer tamanho, e se espalhou para outras partes do corpo, como o fígado ou os pulmões |
O tratamento para o câncer de ânus depende do seu estadiamento. Nos casos iniciais a cirurgia é suficiente, mas nos casos mais avançados, muitas vezes é utilizada a associação de radioterapia com quimioterapia.
Três tipos de Tratamento padrão são usados:
Cirurgia
Ressecção local: Procedimento cirúrgico no qual o tumor é retirado do ânus junto com parte do tecido saudável ao seu redor. A ressecção local pode ser usada se o câncer for pequeno. Os tumores que se formam na parte inferior do ânus podem ser removidos com ressecção local.
Ressecção abdominoperineal: Procedimento cirúrgico no qual o ânus, o reto e parte do cólon sigmóide são removidos através de uma incisão feita no abdômen. Nesse procedimento há a necessidade de confecção de um estoma ou colostomia, onde é “costurada” a abertura do cólon (intestino grosso) na pele do paciente para a saída das fezes. Os linfonodos, ou gânglios, que contêm câncer também podem ser removidos durante esta operação. Este procedimento é usado apenas para os casos onde o tumor permaneceu após o tratamento com radioterapia e quimioterapia, ou voltou algum tempo depois.
Radioterapia
A Radioterapia é um tratamento que utiliza raios X de alta energia ou outros tipos de radiação para matar as células cancerígenas ou impedi-las de crescer. Existem, de modo simples, dois tipos de radioterapia:
- A radioterapia externa: que usa uma máquina fora do corpo para enviar radiação para a área do corpo com o tumor e,
- A radioterapia interna: que utiliza uma substância radioativa aderida em agulhas, sementes, fios ou cateteres que são colocados diretamente dentro ou perto do tumor.
A maneira como a radioterapia é administrada depende do tipo e estágio do câncer que está sendo tratado. Tanto a Radioterapia externa, quanto a interna podem ser usadas para tratar o câncer de canal anal.
Quimioterapia
A Quimioterapia é um tratamento que usa medicações (drogas) para interromper o crescimento das células cancerígenas. Quando a quimioterapia é tomada por via oral ou injetada em uma veia, os medicamentos entram na corrente sanguínea e podem atingir as células cancerígenas em todo o corpo (quimioterapia sistêmica).
No caso do tratamento do câncer de canal anal ou ânus, a quimioterapia mais utilizada é a mitomicina. Esse esquema de tratamento foi proposto por um cirurgião chamado Norman Nigro em 1974. Desde então esse tratamento é conhecido como “esquema de Nigro”, e é indicada para praticamente todos os casos, exceto para os tumores bem iniciais onde a cirurgia sozinha pode resolver.
Para saber mais sobre o tema ou tirar dúvidas, agende uma consulta agora mesmo!
Escrito por: Dr. Ranyell Spencer MD PhD
- Texto adaptado de https://www.verywellhealth.com
Related Posts
Sarcomas de Partes Moles – Parte 1
O sarcoma de partes moles pode ocorrer em qualquer parte do corpo, mas os locais mais comuns são os braços e as pernas (membros superiores e inferiores), sendo o abdômen o terceiro local mais comum.
Adenomas Hepáticos – O que são? Como tratar?
O câncer de cólon é uma das causas mais frequentes de mortes no Brasil, principalmente nas regiões sul e sudeste. A maioria dos cânceres no cólon se desenvolve a partir de pólipos, que são estruturas que se...