# Bactéria que está associada a úlcera e câncer de estômago
A bactéria Helicobacter Pylori (H. pylori) foi identificada em 1982 como a principal causa de úlcera e gastrite crônica, doenças antes relacionadas com dieta e stress. Os sintomas relacionados a infecção por essa bactéria incluem dor de estômago, eructações, náuseas e até constipação.
Dos pacientes que desenvolvem gastrite aguda, uma condição inflamatória caracterizada por dor abdominal e náuseas surge, o que muitas vezes faz com que o paciente procure algum especialista. Uma vez passada essa fase, a gastrite pode se cronificar com os sintomas ficando mais persistentes.
Principais sintomas relacionados a gastrite e infecção por H. Pylori
Dor de estômago | Azia |
Náuseas | Eructações |
Distensão abdominal | Má digestão |
Perda de apetite | Vômito |
NOTAS:
1. A dor é mais frequente em períodos onde o estômago está vazio, entre as refeições, ou mais cedo pela manhã.
2. Acredita-se que o H. Pylori esteja presente em mais de 50% da população mundial. Destes, 80% são inteiramente assintomáticos. Dos pacientes sintomáticos, o H. Pylori está associado em um aumento do número de casos de câncer de estômago.
Úlceras de estômago
Entre 10-20% dos pacientes com infecção por H. Pylori tem risco de desenvolver úlcera gástrica, também conhecida como úlcera péptica. Em relação a gastrite, tem sintomas mais frequentes logo após as refeições, com intensidade maior e mais demorada nas úlceras de duodeno (logo após a saída do alimento do estômago). Essas lesões podem sangrar ativamente, ou de maneira lenta, o que causa anemia, fezes mais escuras, cansaço e fadiga crônica.
Diante de um desses sintomas, uma consulta ao médico deve ser agendada com urgência. Lembrar que são os mesmos sintomas de um caso de câncer de estomago, que pode acrescer emagrecimento e vômitos frequentes.
Saiba mais sobre essa bactéria
H. Pylori é uma bactéria que necessita de pouco oxigênio para sobreviver. Apesar de ser contagiosa, ainda pouco se sabe sobre suas formas de contágio. Algumas evidências sugerem que seja de modo oral-oral (pela troca de saliva) ou fecal-oral (superfícies sujas, água contaminada).
A idade de contágio parece estar relacionada com o desenvolvimento da doença. Quanto mais jovem o paciente, maior o risco de ter gastrite, o que gera riscos subsequentes de úlceras e até câncer.
Diagnóstico
Importante ressaltar que: TER A BACTÉRIA, NÃO É NECESSARIAMENTE TER A DOENÇA. Falamos um pouco disso no início deste texto. O desenvolvimento da doença, seja gastrite ou úlcera ocorre em menos da metade dos pacientes infectados, o que não justifica campanhas de rastreamento e tratamento em massa. Mas uma vez detectados os sintomas, podemos usar alguns métodos diagnósticos para confirmar ou descartar a presença do H. Pylori no estômago.
São 04 os métodos principais de diagnóstico da infecção por H. Pylori:
- Teste de anticorpos no sangue: Podem detectar a presença de proteínas específicas na corrente sanguínea, conhecidos como anticorpos, que são produzidos pelo sistema imunológico de defesa dos pacientes em resposta a presença da bactéria;
- Testes de presença de antígenos nas fezes: Procuram por evidência de infecção em uma amostra de fezes pela detecção de proteínas presentes na membrana das bactérias, e;
- Teste respiratório: Após ingerir tablets contendo ureia, esta é quebrada por enzimas produzidas pela própria bactéria, em dióxido de carbono (CO2) e amônia. O CO2 é então captado na respiração do paciente, e sua presença em excesso, confirma a presença da bactéria.
- Por fim, uma biópsia pode ser realizada por endoscopia. Pacientes acima de 40 anos ou com sintomas persistentes devem ser submetidos a uma endoscopia. Durante o exame, é possível fazer uma biópsia e verificar “in loco” a presença da bactéria.
Nota: Importante lembrar que outras doenças podem dar os mesmos sintomas da infecção por H. Pylori. Por isso da importância de uma boa consulta médica, com detalhes da história clínica e precisão em oferecer exames complementares adequados.
Os principais diagnósticos diferenciais entre H. Pylori e outras doenças é:
Cólica biliar (conhecida com crise de vesícula) |
Doença celíaca (ou alergia a glútem) |
Intolerância a lactose |
Pacreatite (inflamação do pancreas) |
Uso de medicamentos (Uso de anti-inflamatórios por exemplo) |
DRGE (Doença do Refluxo Gastro Esofágico) |
Tumores (de estômago, intestino, esôfago e pâncreas) |
Tratamento
Só tratamos a infecção pelo H. Pylori quando há a presença de sintomas. Pacientes assintomáticos, não precisam de tratamento. Por incrível que pareça, o H. Pylori pode suprimir o “hormônio da fome” (grelina) e normalizar o excesso de secreção ácida do estômago. Já nos casos em que há doença sintomática, o tratamento é focado na erradicação da bactéria com o uso de antibióticos específicos, geralmente associados a medicações que reduzem a acidez do estômago (IBP`s), como o omeprazol ou pantoprazol.
A primeira linha de tratamento envolve o uso por 14 dias de claritromicina e amoxacilina em combinação com um IBP via oral. O sucesso do tratamento depende da aderência do paciente à terapia prescrita. Parar antes porque “está se sentindo melhor”, pode causar resistência e dificultar tratamentos subsequentes.
Além disso, outras medidas devem ser adotadas durante o tratamento e após erradicada a bactéria, são elas: Evitar o uso de anti inflamatórios; explicar ao médico sobre o uso de medicações como warfarin, que podem induzir sangramento gastro intestinal; evitar consumo em excesso de cafeína, refrigerantes e bebidas alcoólicas; incrementar a dieta com fibras, presentes em vegetais, e evitar carboidratos processados como pão e açúcar; medidas para redução do stress como meditação e yoga; manter-se bem hidratado e fazer atividade física.
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Fontes:
- Marcus EA et al. Eradication od HP infection. Curr Gastr. Rep 2016
- National Inst of Diabetes and Digestives and Kidney Diseases. Updated 2019
- American Cancer Society. Signs and Symptoms of Stomach Cancer. 2017