Adenomas Hepáticos
Os adenomas hepáticos (AHC) são formados por células de um fígado aparentemente saudável. Normalmente, essas células (hepatócitos) estão aumentadas, não funcionam adequadamente, e contêm mais glicogênio e lipídios do que o normal.
Além disso, tecido ao redor deles é frequentemente muito vascularizado e não são vistos ductos biliares e as áreas portais formando a famosa tríade portal que permeia os hepatócitos normais.
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Descritos pela primeira vez em 1958, sua incidência começou a aumentar muito a partir da disseminação do uso de hormônios, principalmente anticoncepcionais (ACHO), a partir dos anos 70. Felizmente, com a introdução de ACHOs com doses mais baixas, houve um decréscimo no número de casos globais.
Dito isso, não está claro como esse hormônio, o estrogênio, influencia no desenvolvimento dos adenomas hepáticos. Uma teoria é que ele se liga aos receptores de estrogênio presentes nos próprios hepatócitos e causam a conversão desses hepatócitos em células de adenoma, embora provavelmente tenha muito a ver com predisposição genética ou mutações específicas em combinação com terapias baseadas em estrogênio.
Atualmente são conhecidos 3 tipos ou subclasses dos AHC:
- (Adenomas com mutação inativadora HNF1A). O primeiro grupo de AHC’s é definido por mutações que inativam a ação do gene HNF1alfa que controla a diferenciação dos hepatócitos, bem como o metabolismo de glicose e lipídios. Essa mutação é responsável por 30% a 40% de todos os adenomas e é caracterizado histologicamente por ser muito homogêneo com esteatose celular acentuada. Existe uma predisposição familiar a este tipo de AHC, e portadores destes tumores devem alertar seus familiares para um aconselhamento genético adequado.
- (Adenomas ativadores da via beta-catenina). O segundo subgrupo molecular é o das mutações que ativam a via da beta-catenina. Essas mutações estão relacionadas a cerca de 10-15% dos casos de adenomas. Diferentemente do subtipo HNF1A, este subtipo de adenoma mais encontrado no sexo masculino, ou a condições específicas (como por exemplo da administração de hormônio masculino). Este subgrupo tem um risco maior de transformação maligna em carcinoma hepatocelular (HCC) do que outros subtipos, portanto devem ser tratados precocemente quando do seu diagnóstico.
- (Adenomas inflamatórios). O terceiro grupo é composto de adenomas inflamatórios e representa 40% a 50% de todos os casos. AHC’s inflamatórios são caracterizados por infiltrados inflamatórios polimórficos, vasos distróficos e dilatações sinusoidais. Um processo inflamatório sistêmico pode ser observado, levando o paciente a quadro de anemia, alteração de exames laboratoriais relacionados. Tudo isso leva a crer que os próprios hepatócitos são as principais células inflamatórias envolvidas e que a inflamação é o mecanismo central dessa, digamos, tumorigênese hepática.
As Principais complicações dos adenomas hepáticos são a hemorragia e transformação maligna no HCC, sendo o risco de hemorragia diretamente correlacionado com o tamanho do tumor. AHC’s maiores que 5 cm têm um alto risco de hemorragia. Já a magnitude do risco de transformação maligna varia de 4% e 10%.
O diagnóstico, na maioria das vezes é também incidental, ou seja, é feito por acaso durante algum outro exame abdominal, como por exemplo uma ultrassonografia. A tomografia ou ressonância frequentemente são utilizadas para confirmação diagnóstica após a identificação de um nódulo hepático suspeito.
Em todos os casos, a contracepção oral ou a ingestão de andrógenos deve ser interrompida. A suspensão dessas drogas tem efeito direto na regressão dos adenomas. Nos casos onde o adenoma não regride após a suspensão do ACHO ou do andrógeno anabolizante, o tratamento cirúrgico pode ser indicado.
Além disso a indicação cirúrgica pode ser mediada de acordo com o quadro clínico de dor ou risco estimado de hemorragia (tumores maiores que 5 cm) ou de transformação maligna (subclasse b-catenina, sexo masculino e maiores que 5 cm).
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Escrito por: Dr. Ranyell Spencer MD PhD
Instagram: @ranyellspencer e YouTube: Cirurgia Oncológica em Foco
Tel: 11-3884.8489 3798.0373
Consultório: Al Lorena, 800 Cjto 611 Jd Paulista São Paulo
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