Este é um transcrito do vídeo postado no canal Cirurgia Oncológica em Foco do YouTube, e nele estamos falando de sobre a hiperplasia nodular focal ou HNF.
A HNF é originada das células hepáticas, ou hepatócitos. São como agregados (nodulares), localizados (focais) de células hepáticas que se multiplicam rapidamente, num processo conhecido como hiperplasia esse tumor é visto mais comumente em mulheres do que em homens, podendo acontecer em qualquer idade.
Diferentemente dos adenomas, que veremos em um próximo vídeo, os estrogênios exógenos não têm relação com HNF, nem causam um aumento no tamanho desses tumores. A forma mais comum de apresentação é como sendo uma única lesão, mas em até 20% das vezes podem ser múltiplos ou associados com outras lesões, como hemangiomas por exemplo.
Basicamente, HNF é um termo vago usado para descrever quando nódulos ou agregados de hepatócitos aparentemente benignos são encontrados no fígado. Em última análise, não se sabe realmente por que eles se formam, mas existe a hipótese de que eles podem ser uma resposta a algum tipo de lesão ou injúria a vasos sanguíneos localizado no fígado que leva os hepatócitos a acelerar sua multiplicação formando esses agregados celulares.
Outra razão para se acreditar nessa teoria é o fato de que quase sempre há um vaso sanguíneo anormalmente largo no centro do HNF, com ramos menores irradiando para a periferia. Além disso, quase sempre também há a também a presença de um tecido cicatricial reacional centralizado na lesão.
Para finalizar essa parte de histologia, podemos dizer que existem basicamente dois tipos de HNF: O Típico, que corresponde a 80 % dos casos e o Atípico, correspondendo aos outros 20%.
O HNF típico apresenta-se como uma massa, geralmente volumosa, com margens bem circunscritas, mas não encapsulada. A presença de uma cicatriz central proeminente com septos fibrosos em forma de estrela pode estar presente e é bem característico dessas lesões, no entanto isso ocorre em menos da metade dos casos.
O HNF atípico não possui a tal da cicatriz central ou artéria central, e, portanto, é mais difícil de ser diferenciado de outras lesões. Algumas características atípicas incluem a presença de uma pseudocápsula, heterogeneidade da lesão (mais comumente observada em adenomas), não realce da cicatriz central e a presença de gordura intralesional.
O diagnóstico, assim como ocorre com os hemangiomas, é incidental, ou seja, é encontrado algum nódulo no fígado durante a realização de um exame abdominal por outro motivo, como USG. A confirmação diagnóstica geralmente é feita por TC onde se identifica o HNF com essa cicatriz central em um número considerável de casos.
Se estivermos diante de uma HNF atípico, devemos conhecer bem a história clínica do paciente. Por exemplo, nos casos de pacientes com cirrose hepática, o radiologista deve ter muito cuidado ao diagnosticar uma lesão hipervascular como sendo HNF. Nesses casos deve-se sempre ficar muito atento a formação de um tumor hepatocelular maligno (conhecido como hepatocarcinoma ou HCC).
Por fim, a HNF é uma lesão benigna, sem potencial maligno e com risco mínimo de complicações (ruptura, hemorragia) e, portanto, geralmente tratada de forma conservadora, com exames de imagem de acompanhamento. A menos que causem algum sintoma ou sejam grandes, não há necessidade de tratamento e esses tumores benignos costumam ser apenas seguidos com exames periódicos.
Para saber mais sobre o tema ou tirar dúvidas, agende uma consulta agora mesmo!
Escrito por: Dr. Ranyell Spencer MD PhD
Related Posts
Sarcomas de Partes Moles – Parte 1
O sarcoma de partes moles pode ocorrer em qualquer parte do corpo, mas os locais mais comuns são os braços e as pernas (membros superiores e inferiores), sendo o abdômen o terceiro local mais comum.
Adenomas Hepáticos – O que são? Como tratar?
O câncer de cólon é uma das causas mais frequentes de mortes no Brasil, principalmente nas regiões sul e sudeste. A maioria dos cânceres no cólon se desenvolve a partir de pólipos, que são estruturas que se...