Álcool é o termo comum para etanol ou álcool etílico. Esta é uma substância química encontrada em bebidas alcoólicas, como a cerveja por exemplo. O álcool é produzido pela fermentação de açúcares e amidos por fungos, que se chamam leveduras. Este texto enfoca, especificamente, os riscos de câncer associados ao consumo de bebidas alcoólicas em excesso.
De acordo com o Instituto Nacional de Abuso de Álcool e Alcoolismo dos Estados Unidos, uma bebida alcoólica tida como padrão contém 14,0 gramas de álcool puro, e a partir dessa medida vamos dar alguns exemplos. Só para vocês terem uma ideia, 14g de álcool são equivalentes a, aproximadamente:
350 ml de Cerveja (ou fermentados)
40 ml de Whisky (ou destilados)
150 ml de Vinho
Essas quantidades são usadas por especialistas em saúde pública para o desenvolvimento de diretrizes de saúde sobre o consumo de álcool e para fornecer uma maneira na qual as pessoas possam comparar as quantidades de álcool que consomem. No entanto, eles podem não refletir as quantidades típicas que as pessoas ingerem na vida diária.
De acordo com as Diretrizes Alimentares Americanas, todos devem evitar o consumo de álcool. Mas, caso esse consumo já exista, que seja feito com moderação. MODERAÇÃO quer dizer: Até um drinque por dia para mulheres e até dois drinques por dia para homens (da dose padrão descrita no parágrafo anterior).
O consumo excessivo de álcool é definido como beber: 1) 4 ou mais doses padrão em qualquer dia; 2) 8 ou mais doses padrão por semana para mulheres em qualquer dia; ou 3) 15 ou mais doses padrão por semana para homens.
Qual a evidência que mostra a associação de consumo de álcool e câncer?
Existe Consenso entre os cientistas de que o consumo de álcool pode causar vários tipos de câncer. O álcool é sim reconhecido como um carcinógeno humano.
A evidência indica que quanto mais álcool uma pessoa consome – particularmente quanto mais álcool uma pessoa bebe regularmente ao longo do tempo – maior é o risco de desenvolver um câncer associado a esse consumo. Mesmo os que bebem pouco (aqueles que não tomam mais do que uma dose padrão por dia) têm um risco aumentado de desenvolver certos tipos de tumores quando comparados àqueles que não o fazem.
Com base nos dados de 2009, cerca de 3,5% das mortes por câncer nos Estados Unidos (cerca de 19.500 mortes) foram relacionadas ao consumo de álcool.
Tabela 1: Padrões entre o consumo de álcool e o desenvolvimento dos seguintes tipos de câncer:
• Câncer de cabeça e pescoço: o consumo moderado a intenso de álcool está associado a maiores riscos de certos tipos de câncer de cabeça e pescoço. Bebedores moderados têm riscos 1,8 vezes maiores de câncer de cavidade oral e faringe (garganta) e riscos 1,4 vezes maiores de câncer de laringe (caixa de voz) do que os que não bebem, e bebedores pesados têm riscos 5 vezes maiores de cânceres de cavidade oral e faringe e riscos 2,6 vezes maiores de cânceres de laringe. Além disso, os riscos desses cânceres são substancialmente maiores entre as pessoas que consomem essa quantidade de álcool e também fumam. |
• Câncer de esôfago: o consumo de álcool em qualquer nível está associado a um risco aumentado de um tipo de câncer de esôfago denominado carcinoma de células escamosas. Os riscos, em comparação com o não consumo de álcool, variam de 1,3 vezes maior para consumo leve a quase 5 vezes a mais para consumo pesado. |
• Câncer de fígado: o consumo excessivo de álcool está associado a riscos aumentados de aproximadamente 2 vezes de dois tipos de câncer de fígado (carcinoma hepatocelular e colangiocarcinoma intra-hepático). |
• Câncer de mama: estudos epidemiológicos têm constatado um risco aumentado de câncer de mama com o aumento da ingestão de álcool. O aumento do risco é maior em bebedores moderados (1,23 vezes maior) e em bebedores pesados (1,6 vezes maior). |
• Câncer colorretal: o consumo moderado a intenso de álcool está associado a um aumento de 1,2 a 1,5 vezes no risco de câncer de cólon e reto em comparação com o não consumo de álcool. |
O consumo de álcool também foi associado a riscos reduzidos de câncer renal e linfoma não-Hodgkin. No entanto, quaisquer benefícios potenciais do consumo de álcool para reduzir os riscos de alguns tipos de câncer são provavelmente compensados pelos danos causados pelo próprio do consumo.
Mas como isso acontece? O que o álcool causa que pode levar ao câncer?
Os pesquisadores levantaram algumas hipóteses na tentativa de mostrar essas associação entre o álcool e o desenvolvimento de tumores, vejamos a tabela 2:
Tabela 2: Possíveis mecanismos que explicam como o álcool pode causar câncer:
• Metabolizar (decompor) o etanol presente nas bebidas alcoólicas em acetaldeído que é um produto químico tóxico e provável carcinógeno humano; acetaldeído pode danificar o DNA (o material genético que compõe os genes) e proteínas do organismo. |
• Geração de espécies reativas de oxigênio (moléculas quimicamente reativas que contêm oxigênio) que podem danificar DNA proteínas e lipídios (gorduras) no corpo por meio de um processo chamado oxidação. |
• Prejudicar a capacidade do corpo de quebrar e absorver uma variedade de nutrientes que podem estar associados ao risco de câncer incluindo vitamina A; nutrientes do complexo de vitamina B como folato; vitamina C; vitamina D; vitamina E; e carotenóides |
• Aumento dos níveis sanguíneos de estrogênio um hormônio sexual ligado ao risco de câncer de mama |
• As bebidas alcoólicas também podem conter uma variedade de compostos cancerígenos que são formados durante a fermentação e produção como nitrosaminas fibras de amianto fenóis e hidrocarbonetos. |
Existe algum fator genético que aumenta o risco?
O risco de uma pessoa de câncer relacionado ao álcool é influenciado por seus genes, especificamente os genes que codificam enzimas envolvidas no metabolismo (quebra) do álcool.
Por exemplo, uma maneira pela qual o corpo metaboliza o álcool é por meio da atividade de uma enzima chamada álcool desidrogenase, ou ADH, que converte o etanol no metabólito carcinogênico acetaldeído, principalmente no fígado. Evidências recentes sugerem que a produção de acetaldeído também ocorre na cavidade oral e pode ser influenciada por fatores como o microbioma (população de bactérias) oral.
Muitos indivíduos de ascendência asiática são portadores de uma versão do gene do ADH que codifica uma forma “superativa” da enzima. Esta enzima ADH superativa acelera a conversão do álcool (etanol) em acetaldeído tóxico. Entre os descendentes de japoneses, aqueles que têm essa forma de ADH têm maior risco de câncer de pâncreas do que aqueles com a forma mais comum de ADH (30).
Outra enzima, chamada aldeído desidrogenase 2 (ALDH2), metaboliza o acetaldeído tóxico em substâncias não tóxicas. Algumas pessoas, especialmente aquelas de ascendência asiática, carregam uma variante do gene para ALDH2 que codifica uma forma defeituosa da enzima. Em pessoas que produzem a enzima defeituosa, o acetaldeído se acumula quando bebem álcool e podem causar efeitos desagradáveis (incluindo rubor facial e palpitações cardíacas), o que limita o consumo de álcool por essas pessoas e que são incapazes de consumir grandes quantidades de álcool e, portanto, diminuem o risco de desenvolver cânceres relacionados a esse consumo.
Beber vinho tinto pode ajudar a prevenir o câncer?
Um composto secundário de algumas plantas conhecido como resveratrol pode ser encontrado em uvas usadas para fazer vinho tinto. Esse tema foi investigado devido a possíveis efeitos positivos à saúde, incluindo a prevenção do câncer. No entanto, os resultados ainda não foram comprovados.
Como a combinação de álcool e tabaco (fumo) afeta o risco de câncer?
Pesquisas epidemiológicas mostram que pessoas que usam álcool e tabaco têm riscos muito maiores de desenvolver câncer na cavidade oral, faringe (garganta), laringe e esôfago do que pessoas que usam álcool ou tabaco apenas. Na verdade, para os cânceres oral e faríngeo, os riscos associados ao uso de álcool e tabaco são multiplicativos; isto é, eles são maiores do que seria esperado somando os riscos individuais associados ao álcool e ao tabaco (10, 26).
O risco de câncer diminui após parar de beber álcool?
A maioria dos estudos que examinaram se o risco de câncer diminui depois que uma pessoa para de beber álcool enfocou o câncer de cabeça e pescoço e o câncer de esôfago. Em geral, esses estudos descobriram que interromper o consumo de álcool não está associado a reduções imediatas no risco de câncer. Os riscos de câncer eventualmente diminuem, embora possa levar anos para esse risco retorne aos de quem nunca bebeu.
É seguro beber álcool durante a quimioterapia?
Muitos tipos de quimioterapia têm metabolização ou toxicidade hepática (no fígado). Como vimos a ação negativa do álcool sobre este órgão, na grande maioria dos casos não é recomendado a ingesta de álcool, mesmo em pequenas quantidades, durante a quimioterapia e após, tendo em vista que o seu “fígado não será mais o mesmo”.
Mas, só porque o álcool está faltando, não significa que você não pode desfrutar de uma bebida divertida e festiva. Existem cervejas sem álcool e vinho também! Aqui vai uma receita de um Drink simples e refrescante sem álcool pra você!
Mock Mojito
1/2 xícara de suco de limão espremido na hora
1/2 xícara de suco de romã
2 colheres de chá de mel, opcional
24 raminhos de hortelã ou hortelã-pimenta
1 xícara de água com gás
Gelo
Modo de tomar: Coloque o suco de limão, o suco de romã e o mel em um copo medidor grande e misture bem. Adicione as folhas de hortelã e amasse com uma colher de pau na lateral da xícara. Adicione a água com gás e mexa. Despeje em dois copos cheios de gelo e sirva imediatamente.
Variações: use suco de cranberry ou de mirtilo no lugar do suco de romã.
Para saber mais sobre o tema ou tirar dúvidas, agende uma consulta agora mesmo!
Escrito por: Dr. Ranyell Spencer MD PhD
- Texto adaptado de www.cancer.net
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