O que são GISTs? Onde esses tumores se localizam?
Apesar de raros, os tumores do estroma gastro intestinal – tradução do inglês para GIST (gastro intestinal stromal tumors) – são bastante conhecidos pelos cirurgiões que tratam de câncer. Esses tumores acometem principalmente o estômago, mas podem também se localizar no intestino delgado, cólons e reto (Quadro 1). No Brasil são diagnosticados cerca de 4 a 5 mil casos novos por ano, podendo ocorrer em pacientes de qualquer idade, no entanto, são mais comuns em pacientes acima de 60 anos.
O GIST é um tumor que surge no que chamamos de mesênquima, ou seja, no tecido de sustentação (não ósseo) dos órgãos. Por esse motivo, ele é considerado um sarcoma e não um tumor do intestino propriamente dito. É oriundo de células conhecidas como “células intersticiais de Cajal” localizadas na parede do estômago ou intestino. Essas células servem como um marca-passo do sistema digestivo, enviando ordens para que os músculos se contraiam para movimentar alimentos e líquidos, auxiliando nos processos de digestão.
Quais são os fatores prognósticos do GIST?
Habitualmente, os GISTs têm um comportamento bastante indolente e benigno, no entanto, quanto maiores, maior é a chance de acometerem outros órgãos, principalmente o fígado. Outros fatores de pior prognóstico são: a localização, o número de mitoses (velocidade de multiplicação celular) e se sofrer ruptura durante um trauma ou cirurgia.
Quadro 1 – Localização mais comuns dos GISTs
Estômago | 50 a 60% dos casos |
Intestino delgado | 30% a 40% dos casos |
Intestino Grosso e Reto | 5 a 10% dos casos |
Diagnóstico e Sintomas
A maioria dos tumores são assintomáticos, mas quando ocorrem os sintomas, geralmente são indolentes e silenciosos. Podendo causar uma ruptura a mucosa dos órgãos, esses tumores podem cursar com um sangramento pequeno gerando quadros de anemia. Ao se tornarem maiores, podem causar dor abdominal, vômitos, sensação de plenitude e evacuações com sangue.
Por serem geralmente assintomáticos, como dito anteriormente, o diagnóstico, muitas vezes, é por acaso ao se realizar exames de rotina, ou durante atos operatórios outros. Mas, a depender de algum sintoma, um exame médico cuidadoso e exames mais específicos podem ajudar no diagnóstico.
Exames de imagem como o ultrassom, a tomografia, ou mesmo a endoscopia podem mostrar a localização, o tamanho do tumor, incluindo algum possível comprometimento do órgão onde ele se localiza. Diante de uma suspeita diagnóstica feita por algum método de imagem, pode ser realizada uma biópsia para comprovar o diagnóstico e até avaliar algum fator prognóstico como por exemplo, mensurar o grau de multiplicação celular.
Tratamento
A cirurgia é a principal forma de tratamento. TUDO DEVE SER FEITO DE MODO A NÃO CAUSAR A RUPTURA DO TUMOR. Nos casos onde o tumor não pode ser removido cirurgicamente devido ao tamanho ou localização dificultosa, geralmente o tratamento é iniciado com o uso de medicamentos, sendo o IMATINIBE o mais utilizado. A pesquisa do perfil genético do tumor pode ajudar no ajuste de dose e predição de resposta a essa terapia. Nos casos já metastáticos, todo o esforço deve no sentido de retirar toda a doença visível, e a estratégia de utilizar o IMATINIBE no início também prevalece. Lembro que essa medicação também é comumente utilizada após a retirada do tumor, com o objetivo de reduzir a chance de recaída da doença, o que é feito geralmente por 03 anos.
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Fonte: Dr. Ranyell Spencer MD PhD