Quando você recebe a notícia de que está com câncer, geralmente o seu médico propõe um plano de tratamento. Muitas vezes você está ali por acaso, e ao chegar em casa, perto dos seus familiares e amigos, surgem as dúvidas, as comparações, os medos e anseios inerentes a essa terrível notícia. Parece que a anestesia passa e a dor surge com um ponto de interrogação gigante na cabeça.
Diante desse primeiro momento, é preciso ter calma. É preciso, antes de tudo, saber que nada surge de um dia para o outro e que entender pelo que está passando, muitas vezes, leva algum tempo. Não é pra se sentir pressionado a tomar uma decisão “pra já!”. A identificação com o profissional que está lhe atendendo é essencial. A relação de empatia criada, o “olho no olho” e confiança vão ditar o passo do tratamento em toda sua extensão e magnitude.
Pergunte, pergunte e pergunte sempre! Anote tudo que lê e tem dúvidas. Muita coisa pode acontecer durante a terapia. Então exija respostas claras e relevantes. Uma boa estratégia a ser adotada é a de buscar uma segunda opinião. Não tem nada demais nisso. Muitas vezes você pode até ficar constrangido, mas isso não importa. Vá para um lugar onde se sente seguro. Não tenha medo. O médico que se sentir ameaçado com sua atitude, não merece tratar de você. E digo mais, se as opiniões divergirem, procure uma terceira!
Não de preocupe em parecer rude com o médico que lhe deu o diagnóstico. Buscar uma segunda opinião é muito comum. É melhor agir de modo aberto com os profissionais que você está conversando. Sei que muitas vezes somos muito orgulhosos, aqui falo como médico, daquilo que somos e fazemos. Temos que ter a humildade de entender o problema como um todo e estar aberto a esse tipo de situação.
Caso tenha tomado a decisão de buscar uma segunda opinião, é preferível que vá a outro centro diferente do que o primeiro médico atende. Muitas das condutas são protocolares, e mudam de acordo com a instituição e não exclusivamente pelo profissional em si. É claro que não é uma receita de bolo, mas um padrão institucional existe, invariavelmente.
Há muito mais do que se imagina entre uma doença e um remédio.
Enfim, na consulta com esse outro médico, informe que está em busca de uma segunda opinião. Ele pode pedir a você mais informação que apenas as relacionadas a resultados de exames. Leve com você anotações sobre tratamentos anteriores, dúvidas que ficaram para trás. E lembre, isso não é uma questão de diferenciar quem está certo ou errado. É muito mais sobre relação médico paciente. Não há como tratar ou ser tratado por alguém sem o estabelecimento de uma conexão.
O que faço nessa situação é indicar algum colega que confio, ou discutir o caso naquilo de chamamos de “reunião multidisciplinar”. Nesse tipo de encontro, estão vários colegas médicos, de várias especialidades e com diferentes pontos de vista, inclusive meio imparciais, tendo em vista que não conhecem você. Rever o diagnóstico patológico, esquemas de tratamento com quimioterapia ou um determinado planejamento cirúrgico são práticas comuns que devem ser estimuladas.
Lembre: ir em busca de uma segunda opinião é normal e deve ser estimulada. Mesmo que seu diagnóstico seja de um tumor comum, aconselhar-se através de outro profissional pode ajudá-lo a se sentir mais seguro e confiante para enfrentar seu tratamento, com escolhas mais claras e mais bem adaptadas a você.
Escrito por: Dr. Ranyell Spencer MD PhD
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